- Domingos Olímpio (1851-1906) foi advogado, promotor, juiz;
- Século XIX;
- Romance Naturalista (1881-1892);
- Dividido em 38 capítulos;
- Narrador: onisciente (romance narrado em terceira pessoa);
- Tempo e espaço: o romance é narrado nos anos de seca de 1877 a 1989 que assolou todo o Nordeste, e que a população aos redores vai aos grandes centros urbanos em busca de uma vida melhor. Nesse contexto que Luzia chega à Sobral para trabalhar na construção da cadeia pública deste munício.
- Luzia Maria da Conceição: Luzia-Homem;
- Crapiúna: Soldado da Penitenciaria de Sobral;
- Alexandre: Homem bom, sensível e amigo de Luzia;
- Terezinha: moça que fugiu com o namorado e acabou se prostituído, é única amiga de Luzia;
- Josefina: a dona Zefa idosa, doente que após a morte do marido, mora sozinha com a filha Luzia;
- Pedro Ribeiro: Pai, já falecido de Luzia.

O romance naturalista, de Domingo Olímpio tem como argumento a seca entre 1877 e 1989 que afetou o Nordeste, onde retirantes que habitavam pequenas cidades para fugir da seca e da fome pegavam tudo que tinham e iam para cidade grande em busca de emprego e sobrevivência.
A
personagem central do livro é Luzia Maria da Conceição, que sua aparência
masculinizada, ganhou o apelido de Luzia-homem é uma jovem que morava no Ipú e
a mazela da seca a expulsou de lá com a mãe doente.
Luzia
desde criança foi acostumada com o trabalho braçal, por isso, na adolescência
se vestia de homem para facilitar o trabalho de pastorear o gado, fazer
roçados.
Luzia
e dona Zefa encontram lugar para ficar e emprego em Sobral, na construção de
Cadeia Pública de Sobral. Onde conhece Crapiúna, um soldado afamado como um
homem ruim, Crapiúna passou a nutrir uma obsessão por Luzia e queria possui-la
de qualquer forma.
Alexandre
é objeto do amor de Luzia, mas ela não consegue admitir esse amor, talvez nem
soubesse o que sentia ou que nome dá a esse sentimento. Alexandre é vítima de
acusação de roubo no almoxarifado da construção da Cadeia Pública de Sobral, do
qual era guarda da chave. Fica preso e Luzia passa a visitá-lo na cadeia
enquanto, Teresinha fica cuidando de dona Zefa.
Teresinha,
única amiga de Luzia, havia fugido de casa com o namorado, mas ele não a quis.
Para sobreviver Teresinha se entrega à prostituição.
Duas
características naturalistas: mulher que possui uma força braçal inominável e
Crapiúna que não aceitava o desprezo de Luzia com as suas investidas sem
escrúpulos.
Alexandre
é um retirante como Luzia e nutria pela mesma um amor nunca declarado e nunca correspondido.
A narrativa do romance naturalista Luzia-homem gira em torno do trio Luzia,
Alexandre e Capriúna.
A
Literatura Naturalista é o Realismo levado ao extremo. Então os autores dessa
escola elegem, entre os acontecimentos reais, os mais chocantes e os expõem ao
público.
Pois,
não era suficiente desnovelar os “estrumes” burguês, era necessário expor as
mazelas as quais levam homens e mulheres a aceitarem condições sub-humanas de
trabalho e moradia para sobreviver, reduzidos ao estado de animais.
Para
os naturalistas não bastava só observar a realidade, é preciso adentrar a esta
com suas patologias, aleijões. Vivenciá-lo através de experimentos científicos
e assim registrá-los.
No
livro esses experimentos são registrados pelo cientista francês Paul, ele que
afirma em suas anotações que viu uma mulher com uma força sem tamanho
carregando uma parede na cabeça.
Em
Luzia-homem temos a seca narrada como algo que choca aos olhos a sua vista. Ao
expor algumas cenas em que traz retirantes vivendo em condições sub-humanas.
Porém, o homem não é reduzido ao estado de animal.
O
cenário é apenas mostrando, trazendo a tona o drama que todos os retirantes,
pobres passavam na construção da Cadeia Pública de Sobral.
“Pela encosta de cortante
piçarra, desagregado em finíssimo pó, subia e descia, em fileiras tortuosas, o
formigueiro de retirantes, velhos e moços, mulheres e meninos, conduzindo
materiais para a obra. Era um incessante vai e vem de figuras pitorescas,
esquálidas, pacientes, recordando os heroicos povos cativos, erguendo
monumentos imortais ao vencedor” (trecho de Luzia-homem).
Luzia
por ser uma mulher forte, era objeto de fofocas sobre sua mulherice que era
questionada por homens, mulheres e crianças da construção. Mas se olharmos bem
mais de perto perceberemos uma mulher frágil, bela e que o sofrimento, a
necessidade a fez parecer, se comportar como um homem.
Temos
mais uma característica naturalista, pois não importa onde Luzia habite, ela
não é corrompida pelo meio. Crapiúna oferece-lhe uma vida melhor, mas sua
pureza, sua determinação não permite tal corrupção de sua alma, do seu corpo.
No
fim do romance naturalista Teresinha descobre que quem roubou o dinheiro do
almoxarifado foi Crapiúna, e colocou a culpa no rival, no seu desejo de possuir
Luzia. Assim Alexandre é inocentando e Crapiúna é preso e jura vingança a
Luzia, Alexandre e Teresinha.
Livre
Alexandre convidada Luzia, Dona Zefa para ir morar na Serra da Meruoca, junto
com Terezinha. Luzia aceita e todos partem para a nova empreitada nesse mundo.
Dona Zefa, por estar doente precisa ser carregada em uma rede por Alexandre,
Raulino e outros homens e Teresinha e Luzia vão atrás.
Quando
chegam a serra um dos homens indicam o caminho mais curto para Luzia seguir e
chegar a nova morada mais rápido, enquanto os homens seguiam pelo caminho
normal com dona Zefa.
Quando
Luzia chega em rio avista Crapiúna agarrado a Teresinha. Crapiúna parte em
direção a Luzia. Inicia-se uma luta corporal mortal entre os dois. Luzia
arranca-lhe os olhos e tem o seu seio dilacerado por uma faca. Os dois morrem.
O
Naturalismo se confirma, pois todos os seres estão reduzidos a nada diante de
sua natureza. Diante de Crapiúna, de nada valeu a sua força, o seu corpo forte,
masculinizado, sua pureza alimentada por bons sentimentos.
Sucumbiu
as leis da natureza, leis estas que não deixou que nossa heroína tivesse outro
destino. A morte de Luzia e Crapiúna vem mostrar o determinismo se impondo,
sendo o único fim possível aos dois. Não há menor possibilidade de salvação,
milagres como romances românticos.
Leia:
Luzia-Homem, de Domingos Olímpio
Luzia-Homem, de Domingos Olímpio
Lembre-se: O Poeta está certo. Os outros é que estão errados.