Machado de Assis (1908-1839)
Exerceu muitas profissões todas relacionadas as Letras foi: poeta,
romancista, contista, cronista, dramaturgo, folhetinista, jornalista, crítico
literário e teatral brasileiro.
- Século: XIX;
Realismo (1881-1893) quando é publicado o livro Memórias
Póstumas de Bráz Cubas (1881), de Machado de Assis;
- Momento histórico:
Proclamação da República (1889);
Processo do abolicionismo (1888)
Narrador: primeira pessoa (Bentinho) é narrador personagem;
Tempo e espaço: Rio de Janeiro
Personagens:
- Bento de Albuquerque Santiago (Bentinho) rico, mimado, sempre teve tudo que queria;
- Pedro de Albuquerque Santiago: pai de Bentinho;
- Dona Maria da Glória Fernandes Santiago: Mãe de Bentinho, fez promessa se algum dos filhos nascesse com saúde o entregaria como padre para a Igreja;
- Justina: prima;
- Cosme: Tio;
- José Dias (o agregado, faz tudo para ficar bem com todos);
- Capitolina (Capitu) pobre, forte, destemida, sabe o que quer;
- Ezequiel de Sousa Escobar: melhor amigo de Bentinho;
- Pádua e Fortuna: são os pais de Capitu.
- Romance Realista: dividido em 140 capítulos, mas se assuste (são capítulos pequenos, há capítulo como “É tempo” que possui um único parágrafo).
Uma pequena introdução
Dom Casmurro
(1899) junto com Memórias Póstumas de Bráz Cubas (1881) e Quincas Borba (1891)
fazem parte da fase madura de Machado de Assis. Nessa fase temos um escritor
irônico, humorado, pessimista, metalinguagem.
Essa obra o
escritor vale-se do princípio do imitatio (imitação) que consistia em
pegar um clássico, fazer uma obra igual, mas acrescentando algo, algo original
que pudesse fazer-lhe melhor que o mestre que o inspirou. Pois é, Dom Casmurro
é inspirado em Otelo (1603), de Shakespeare.
Otelo é negro
se apaixona por uma mulher branca a Desdêmona, que era para casar com um nobre,
escolhido pelo pai. Mas Desdêmona casa-se escondido com Otelo. Quando seu pai
descobre, avisa a Otelo, essa mulher enganou o pai dela, imagina o que ela pode
fazer com o marido.
Otelo estava
apaixonado e nem se atentou ao aviso. Iago que era o melhor amigo de Otelo,
ficou sem consolo com o casamento, com aquela felicidade e através do uso
perfeito da linguagem colocou na cabeça de Otelo a ideia de que Desdêmona era
uma esposa adúltera.
Otelo
envenenado pelo ciúme, que Iago plantou em sua mente mata Desdêmona. Depois
descobre que errou. Que esposa era fiel. Mas para a morte não há correção. Esse
é o desfecho da tragédia.
O que Machado
de Assis faz? Ele pega essa trama e nos faz não ter certeza do adultério. O
Bentinho, ao contrário de Otelo fica com dúvidas, se questiona, isso dá mais
qualidade ao seu livro. Shakespeare deu solução definida, Machado nos passa que
a idealização da traição é pior que certeza.
RESUMO DE DOM CASMURRO (1900),
DE MACHADO DE ASSIS
Dentro dessa
família morava um homem, um falso médico homeopata, estamos falando de José
Dias, o agregado vivia se equilibrando dentro da política de sobrevivência
dentro da família, já que não era parente. Era dissimulado, falava bem de todo
mundo na frente e mal na ausência. Quando Bentinho nasce a família muda-se para
o Rio de Janeiro. Aos 5 anos de vida de Bentinho, Pedro morre.
Com o
costume da época, não fica bem para Dona Glória, agora, viúva morar com um
homem que não era parente. Para não ter que mandar José Dias embora, Dona Glória
convida o tio Cosme, advogado e a prima Justina, carola, razinza, fala mal e
não gosta de ninguém para morar com a família.
O tempo
passa, Bentinho tem 15 anos. Começa a história de Bentinho com a vizinha e o
seminário.
Dona Glória
havia feito uma promessa, mas não queria doar seu único filho para a Igreja,
porém temia ser castigada por Deus se não cumprisse o propósito. Então Dona
Glória conta para todos sua promessa, assim os outros iam cobrá-la e teria que
pagar a promessa.
Pádua e
Fortuna, pais de Capitu deviam favores à família de Bentinho, em um momento de
crise financeira esta foi socorrida por Dona Glória, que ajudou os vizinhos se
reerguerem.
José Dias
que não gosta de pobre, por isso não gosta da família da Capitu. Por isso não
quer envolvimento de Betinho com Capitu e lembra à Dona Glória da promessa.
Bentinho, que
escutava a conversa de atrás da aporta, descobre que está apaixonado por Capitu.
Eles ainda são crianças, mas fique atenta, apaixonado, nosso Bentinho não vai
querer ir para o seminário. Dona Glória então começa acelerar a ida do filho ao
seminário.
Bentinho
descobre-se apaixonado por Capitu e que vai para o seminário. Pois, se José
Dias disse que ele está apaixonado, ele estaria. Vejamos aqui o egocentrismo do
protagonista, tudo gira em torno de si. E corre para contar sobre sua paixão a
Capitu.
Ao atravessar
o muro, Bentinho encontra Capitu com um prego escrevendo no muro “Bento e
Capitolina”, e aquilo que havia descoberto, ela já sabia. E os dois ficam ali,
se encarando abobados, se olhando, sem ação.
Nesse momento
Pádua chega e quer saber o que os dois faziam parados olhando um para a outra.
Bentinho fica assustadíssimo com a presença do futuro sogro. Mas Capitu
contorna a situação. Dizendo que estão brincando jogando siso, um jogo que quem
rir primeiro perde. Mas o Bentinho perde toda hora. Mas nesse momento Bentinho
fica sério, justamente no momento que precisava rir, para ajudar Capitu a
escapar daquela situação. Pádua diz para eles continuarem a brincadeira, mas
não estraguem o muro. Essa cena é pequena, mas em Machado de Assis nada é
grátis, essa passagem é o alicerce para apresentar Capitu ao leitor, e que não
importa a situação, nem o momento, ela tem o poder de controlar, de dissimular
e inverter as situações a seu favor.
Bentinho
também conta para Capitu que vai para o seminário, ela fica nervosa com a
notícia, mas logo se recupera e já pensa na solução. Por que você não pede a
José Dias para conversar com Dona Glória? Bentinho diz que vai fazer isso. E
faz.
José Dias
prometi que vai falar com Dona Glória, para agradar a Bentinho, isso gera em
Dona Glória sentimentos, ela quer mandar Bentinho para o seminário, mas teme os
castigos de Deus.
Passam-se
alguns dias e Bentinho volta a casa de Capitu, eis aqui uma das cenas mais
bonitas do livro. Bentinho chega à casa da sua amada. E Dona Fortunata diz que
a filha está no quarto e autoriza a entrada dele para dá um susto em Capitu.
Quando
Bentinho chega ao quarto avista Capitu e os dois ficam se olhando. Ele não sabe
o que fazer e se oferece para pentear os cabelos dela. Esse é uma manobra
infantil para um tocar no outro. Bem, Bentinho faz duas tranças e as une com um
laço. E pede para ela olhar-se no espelho. Ela pergunta: você falou com José
Dias? Ele já. E ele já falou com sua mãe? Ainda não.
Na mente dela
começou a arquitetar um jeito de fazer Bentinho insistir com José Dias. Então
produz o primeiro beijo do casal. Inclina a cabeça, na direção de Bentinho
jogando assim, as costas para traz, inclinando a cabeça na direção dele.
Bentinho diz: Capitu, se ajeite, você vai machucar seu pescoço.
Bentinho na
sua insegurança não entende a segurança que Capitu apresenta, suas manobras
para conseguir o que quer. Nesse momento Dona Fortunata chega e pergunta o que
estava acontecendo. Diante interpelação da mãe, Capitu mostra o peteado com as
tranças que Bentinho fez. E diz olhe que feio. Mas Fortunata diz: eu achei
bonito. Capitu a chama bajuladora de Bentinho. Enquanto Bentinho está
assustado. Capitu logo se refaz.
As tranças
feitas por Bentinho nos cabelos de Capitu representam as personalidades do
dois: Bentinho é as tranças que se entrelaçam entre si. E não decide nada, pelo
contrário sempre se enrola mais e mais. Capitu é a que desata o nó. Porque
Capitu sabe o quer da vida.
Essa
dissimulação a fará pagar um preço alto, pois no futuro Bentinho usará esses
fatos para condená-la.
Padre Cabral
tenta conversar com Dona Glória, ambos decidem que Bentinho vai passar um ano
no seminário. Se ele não se adaptar, pelos menos foi tentado. Quando Bentinho
vai contar para Capitu que irá para o seminário, os dois brigam. Bentinho para
mostrar que não precisa de Capitu, diz que vai se formar padre e que vai
celebrar o casamento de Capitu. Ela, dissimulada mais uma vez vira o jogo. E
retruca.
Você não vai
celebrar meu casamento. Porque demorará muito para ser padre eu não vou esperar
tanto tempo para casar-se. Vamos fazer ouro pacto. Bentinho você batizará meus
filhos. Bentinho fica arrasado.
Capitu, então
percebe que exagerou e pede desculpas, Bentinho a gente se ama. E ambos fazem
um novo juramento. Os dois jogam uma moedinha no poço jurando que vão se casar,
quando ele voltar do seminário. Bentinho parte para o seminário tranquilo.
No seminário
Bentinho conhece Escobar, que como ele, não tinha vocação religiosa, estava ali
obrigado. Escobar torna-se melhor amigo de Bentinho, consegue acesso a família
de Bentinho, conhece Capitu.
É de Escobar a
ideia que livra Bentinho do seminário. Escobar fala Bentinho fale com sua mãe,
ela prometeu doar um filho para a Igreja e o não doar o filho dela para a
Igreja. Por que você não fala com o padre, para o padre falar com sua mãe?
Dona Glória
pode adotar um órfão, patrocinar os estudos dele, assim estaria doando um filho
para a Igreja.
Assim,
Bentinho faz, Dona Glória pede autorização ao Padre e o padre autoriza e
Bentinho volta para casa. O padre simboliza aquela Igreja que se curva diante
dos poderosos, é uma crítica machadiana a entidade.
Bentinho vai
para São Paulo estudar Direito. Volta para Rio de Janeiro, com 22 anos e
bacharel em Direito. Escobar também sai do seminário e com ajuda da família de
Bentinho monta um negócio próprio.
Dentro desse
ciclo de amizade, Escobar conhece Sancha, a melhor amiga de Capitu. E o
quarteto passa a fazer tudo junto. Bentinho se casa com Capitu e Escobar se
casa com Sancha. Escobar e Sancha logo tem uma filha que receberá o nome
Capitu, em homenagem a melhor amiga da mãe. O Bentinho e Capitu não consegue
ter filhos.
Essa situação
gerará a prova de adultério. Bentinho muda da casa da mãe, da rua Mata Cavalos.
Indo morar no bairro da Glória. Um belo dia eles estavam sozinhos. Bentinho
começa a observar o céu e explicar as estrelas para Capitu, enquanto ela estava
observando o mar.
Esse olhar explica
como eles são diferentes. Bentinho é platônico, enquanto Capitu é aristotélica.
Bentinho vive no mundo das ideias, Capitu vive no realismo dos acontecimentos.
Essa situação
é motivo para a irá de Bentinho, como Capitu não estava prestando atenção em
mim. Egoísta, ciumento quer ser o centro de toda atenção de Capitu. Bentinho
diz: como Capitu, faz 20 minutos que você não pensa só em mim. Essas cenas,
esses momentos vão gerando um ciúme doentio que vai acabar com a felicidade dos
dois e do filho Ezequiel. No capítulo seguinte narra o ciúme que Bentinho está
sentindo do mar que roubou a atenção de Capitu, enquanto ele discursava sobre
as estrelas.
O Capítulo “Um
filho”, Capitu finalmente engravida, quando a criança nasce ganha o nome de
Ezequiel, em homenagem a Ezequiel de Sousa Escobar, pois Capitu foi homenageada
quando a filha de Sancha e Escobar nasceu, agora, Escobar foi homenageado.
Até aqui, tudo
leva a crer que Capitu traiu, é uma adúltera.
No Capítulo
“Olhos de ressaca”, há dois capítulos com esse nome no livro. Um antes do
primeiro beijo e agora quando Escobar morre. Na visão de Bentinho, Capitu usou
o mesmo olhar apaixonado do dia do primeiro beijo, agora em direção ao caixão
de Escobar. Essa é justificativa dele para a repetição do nome.
A Capitu nunca
chorou por ninguém, nunca se abalou, por que agora está chorando pelo morto?
Bentinho tem a certeza da traição. Agora conviva com esse drama: seu filho, sua
genética não ser seu filho. Pior é filho do seu melhor amigo, e tudo isso
dentro de um homem ciumento, egocêntrico e que se preocupa muito com o que a
sociedade vai pensar.
Bentinho faz
um café coloca veneno dentro e vai cometer suicídio, nesse momento Ezequiel
chega, ele pensa por que eu vou morrer? Eu não traí, resolve oferecer o café ao
filho. Mas aí, se arrependi e abraça o filho e menino o chama de pai, ele diz
não.
Nesse momento
Capitu entra e flagra a negativa da paternidade. Os dois brigam e ela sai
dizendo que ele é um doente. Só que na loucura de Bentinho, essa é a prova, a
confirmação, pois se Capitu se ofendeu é porque é culpada.
Separam-se,
mas não fica bem uma separação, ou melhor essa possibilidade inexiste naquele
momento histórico. Para justifica-se perante a sociedade, Bentinho a pretexto
que Capitu está doente a manda se tratar no Europa e Ezequiel vai acompanhá-la.
Todo ano vai à Europa e dizendo que vai visitá-la. Mas é mentira. Bento vai a
Europa, mas não vai visitá-la. Não responde as cartas.
Passam-se 12
anos. Ezequiel, então com 17 anos volta ao Brasil e vem ver o pai. E conta que
Capitu faleceu há algum tempo. O que Bentinho faz? Se vinga de Capitu, a anulando,
fazendo pouco caso dela. Veja o ciúme, a raiva de uma traição que ele imagina ter
acontecido.
Ezequiel passa
uns 6 meses com o pai. As pessoas que eram referências, estão todas mortas. No
final desse período, Ezequiel resolve estudar arqueologia na Grécia, Egito e pede
dinheiro ao pai. Bentinho pensa, outro fez e eu tenho que sustentar, melhor que
a lepra lhe pagasse. Onze meses depois chega uma correspondência informando que
Ezequiel morreu de febre tifoide e cobrando os custos do sepultamento. Bentinho
comemora e diz que essa é uma conta que paga com gosto. Janta tranquilamente e
vai ao teatro.
Tudo para fazer o leitor cair na ideia de um casamento romântico, onde o casal faz tudo para ficar juntos. Se não ficam juntos, ambos morrem para ficar juntos na eternidade. Eis a crítica do Realismo. Nos livros realistas há sempre adultério, questionando assim a educação frágil e romântica. Pois o feliz para sempre do romantismo não sobrevive a realidade de um casal, que precisa enfrentar o dia a dia.
Enfim Capitu traiu Bentinho? Bentinho tem 55 anos, velho, o Dom Casmurro quando escreve o livro, anunciando que vai atar os dois lados da vida: o Bentinho adolescente e o adulto, e assim fazer uma análise existencial de sua vida.
Agora velho, consegue ver a crueldade de sua amada e do melhor amigo que juntos tiveram um filho. Todos que achava que o amava só queriam se aproveitar dele.
A história é narrada pelo ponto de vista de um velho, triste, sozinho e amargurado.