Maria Firmina dos Reis (1822-1917) escritora, musicista, poeta, jornalista, professora
- Século XIX;
- Úrsula foi publicado em 1859, sob pseudônimo “Uma maranhense”,
- Ficou esquecido e redescoberto em 1960 (século XX);
- Primeiro livro (no Brasil) abolicionista, e possivelmente o primeiro livro abolicionista da Língua Portuguesa, pois, as primeiras notas sobre o abolicionismo datam de 1960.
- Romance romântico (1836-1881).
- Narrador: terceira pessoa (onisciente);
- Tempo e espaço: Não é definido. Maria Firmina dos Reis vale-se de recursos linguísticos (reticências) para ocultar de quais províncias, de quais personagens (reais) realmente a autora está denunciado. Exemplo Luiza B, Fernando P, Convento de ***.
- Úrsula: branca, típica personagem romântica, de família rica, mas que perdeu tudo, restando-lhe somente um casebre, onde mora com a mãe Luíza B;
- Tancredo: branco, rico, honrado, sonhador, romântico e com alguns problemas familiares;
- Túlio: negro (afro-brasileiro), era filho de africana que foi vítima da violência escravocrata, é criado por Susana;
- Susana: negra, africana, forte, guerreira, resistente. Sua principal arma de resistência é a memória. Susana é a protagonista do capítulo 9, o mais bonito; Susana conta a sua história. O único momento do romance que a narração passa a ser em primeira pessoa. Podemos afirmar que Susana é a própria personificação de Maria Firmina do Reis;
- Fernando P: cruel, sanguinário apaixona-se e passa a nutri uma obsessão por Úrsula;
- Luiza B: mãe de Úrsula, sofreu muito no casamento, doente, passa anos acamada é cuidada pela filha Úrsula;
- Paulo B: marido de Luiza B e pai de Úrsula;
- Antero: é um escravo que o alcoolismo correu suas forças, sua resistência. É o oposto de Susana.
Dividido em dois eixos:
Personagens
O romance romântico está dividido em 20 capítulos, 1 prólogo e 1 epílogo.
RESUMO DE ÚRSULA (1859), de Maria Firmino dos Reis
O cavaleiro Tancredo que sofre
um acidente de cavalo e vai ao chão desmaiado é socorrido pelo escravo Túlio.
Temos nesta cena dois homens iguais e não um branco e escravo. Há uma descoisa
da figura do escravo, Túlio até surge como superior, pois olha para Tancredo de
cima para baixo. Túlio pega Tancredo e leva para a casa mais próxima, que era a
casa de Dona Luiza e Úrsula.
Vemos aqui personagens femininas
que moram sozinhas é uma denúncia do patriarcalismo, escravidão e violência que
criam um sistema de opressão das mulheres no Brasil do século XIX.
A Úrsula é uma Sonhadora pura,
que vai sofrer violência de Fernando que é apaixonado ou melhor é obcecado pela
protagonista, dona Luiza é um ser sofredor, mãe de Tancredo representa a mulher
submissa, sofre muita violência psicológica e Suzana mulher guerreira, mas em
pleno século XIX, nada é fácil na vida dessas mulheres. Temos um quadro no qual
está o desenho do que é ser mulher no Brasil no século XIX.
Tancredo é cuidado do Túlio e
Úrsula com o tempo o mancebo vai melhorando, e vai se apaixonando do Úrsula e é
correspondido por ela. E vai nascendo uma grande amizade entre Tancredo e
Túlio. Durante o período de enfermidade Tancredo tem alucinações chamando uma
Adelaide, o que deixa Úrsula apreensiva.
Quando Tancredo se recupera e se
declara para Úrsula e em um flashback conta para a amada quem é Adelaide.
Uma prima da mãe de Tancredo foi
morar na casa da família de Tancredo. E ele se apaixona por essa prima. Mas o
seu pai o manda trabalhar em outra província, longe da prima. Quando Tancredo
volta para casa, descobre seu próprio pai estava casado com Adelaide, que havia
ficado viúvo. Tancredo fica muito triste e rompe com o pai o acusando de
maltratar a mãe, e esse foi o motivo da morte da sua mãe.
Porém, Úrsula assegura que com
ela tudo vai ser diferente, após essa conversa com Úrsula, Tancredo pede a dona
Luiza para namorar à Úrsula. Dona Luiza fica receosa em aceitar o romance, pois
Úrsula era pobre, era ninguém em comparação a Tancredo que era rico e poderoso.
Mas Tancredo prova para a futura sogra que tem bom coração e dona Luiza acaba
aceitando o romance.
Nasce uma amizade muito forte
entre Túlio e Tancredo. Tancredo acaba que comprando Túlio de seu dono e
dando-lhe a alforria. Túlio fica feliz e corre para contar a novidade para a
mãe Susana, que o adverte. Túlio, tens certeza de que és um homem livre. Pense
e tenha cuidado para gente como nós, nada é fácil.
É neste momento (capítulo 9) que
a Susana conta para Túlio sua história, sua trajetória, era casada, tinha uma e
que foi capturada na África e trazida como escrava para o Brasil em um navio
negreiro.
Essa diáspora traz à luz de como
tiram a aura do escravo, o tornando um objeto, mas Susana tem sua arma secreta,
ela tem memória. A memória é algo humano e complexo, mas todos temos a nossa
história, as nossas recordações, é que nos faz humanos.
Nesse momento a narradora sai da
terceira pessoa. Esse capítulo é narrado em primeira pessoa. Temos a sensação
de que a voz é da própria Maria Firmina dos Reis colocado na boca de Susana. Há
mais um ineditismo nesse capítulo. Trata-se de um escravo dialogando com outro
escravo, isso era inédito em nossa literatura.
Tancredo antes do matrimônio com
Úrsula, precisa fazer uma viagem. Nessa viagem ele leva seu amigo e fiel
escudeiro Túlio. Após relacionamento com Tancredo, Úrsula criou o hábito de
pensar no meio da mata, à sombra de um jatobá. Em desses dias Fernando B. a ver
e acaba se apaixonado, criando uma obsessão por pela amada de Tancredo.
Úrsula não conhece Fernando, mas
ele a conhece. Trata-se do irmão de Luiza, então tio de Úrsula. Úrsula não tinha
contato com esse tio, por isso não reconheceu.
Fernando nunca se deu bem com
Paulo B., pai de Úrsula. Verdade é que Paulo B não lidava bem com dinheiro.
Paulo é responsável pela perda da fortuna da família. E acaba sendo assassinado
por Fernando. Este acaba pagando as dívidas da família de Úrsula. Úrsula, Luiza
ficam sem nada. Restando-lhe somente um casebre onde elas moram.
Por causa dessa paixão Fernando
vai mover céus e infernos para ficar com Úrsula. Fernando acaba indo até
conversar com dona Luiza. Dona Luiza fica desesperada, logo ela se encontra
muito doente, acaba que falecendo, mas aconselha Úrsula a fugir.
No enterro de Dona Luiza, Úrsula
passa mau e acaba sendo encontrada desmaiada em cima do túmulo da mãe. Esse
momento marca a volta de Tancredo e Túlio ao romance. Tancredo a hospeda em um
convento, até o casamento.
No bando de Fernado tem um
padre, que sabe o jeito que Fernado trata os escravos, do quanto ele é perverso
e brutal. Aqui temos uma crítica ao catolicismo. Na busca por Úrsula, Fernando
esbraveja, sente ciúmes, inveja de Tancredo. Há momentos que a narradora o
compara a Otelo, de Shakespeare.
Úrsula no convento, está segura?
Mais um menos, mas o casal casa-se logo, mas antes de consumar o casamento.
Pois Tancredo, Túlio e Úrsula são atacados pelo bando de Fernado.
Fernado mata Tancredo, Túlio é
morto pelo restante do banco. Úrsula é capturada. Mas a maldade de Fernando
acaba que recendo punição divina. Diante de tanta dor, tantas perdas: morte da
mãe, assistiu ao assassinato de Tancredo e Túlio.
Úrsula acaba enlouquecendo de
dor, está dor a consome, a levando até a morte. Com a morte de Úrsula, Fernando
aprende uma lição. Que o amor não se conquista com força e nem brutalidades. Tudo
à moda de um romance romântico.
Após essa cena temos o epílogo.
Entra na história Frei Luiz de Santa Úrsula um homem que vai até o convento, a
fim de rever seus pecados. A priori ele tem dificuldades em assumir seus erros
e pecados. Mas consegue pedir perdão, assim espera obter o perdão quando for
para o descanso eterno.
Úrsula (1859), de Maria Firmina dos Reis é um livro bem escrito,
possui arquitetura e desenvolvimento excelentes. É um romance que merece ser
lido, discutido, é um livro necessário para conhecermos a nossa história, a
origem que originou tantos preconceitos, que até hoje, ainda não foram
superados, muito porque não discutimos, a negritude, preferimos varrer esses
problemas para debaixo do tapete. Enfim, estamos em frente a um clássico da
nossa literatura verde e amarela.
Leia:
Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
Úrsula, de Maria Firmina dos Reis